Medo e vergonha podem prejudicar prevenção e tratamento desse câncer, que registra 80 casos a cada 100 mil homens em MT. Oncologista do Hospital Santa Rosa esclarece mitos e dá dicas de prevenção
O câncer de próstata é o segundo mais comum entre homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa é de que mais de 66 mil pessoas sejam diagnosticadas com o tumor este ano, o que corresponde a 29,2% dos tumores incidentes no sexo masculino. Em Mato Grosso, a previsão é de 79,62 novos casos a cada 100 mil homens.
De acordo com o médico oncologista e coordenador do serviço de oncologia do Hospital Santa Rosa, Dirceu Costa, as estatísticas são consideradas alarmantes, especialmente porque durante a pandemia da Covid-19 houve uma redução na procura por exames e consultas relacionados ao câncer de próstata. “Os homens normalmente são mais resistentes aos cuidados da saúde devido a vários fatores, entre eles medo e vergonha. A pandemia piorou esse quadro”, destaca o especialista.
Por isso, o Novembro Azul é um mês importante para ampliar a conscientização e reforçar a importância dos homens retomarem a procura por cuidados médicos, a fim de prevenir doenças. “Quanto antes for identificado o câncer, maior a chance de remissão do problema. Em tumores localizados só na próstata e que ainda não se espalharam para outras partes do corpo, a possibilidade de cura chega a ser de 90%”, reforça o médico.
“O câncer de próstata pode ser uma doença silenciosa. Quando os sintomas começam a aparecer, a maioria dos casos já está em fase adiantada. Por isso, é fundamental realizar exames periódicos, mesmo que não exista nenhum incômodo aparente. E um recado que deixo aos homens é que não tenham medo ou vergonha de procurar ajuda o quanto antes, pois o câncer de próstata pode ser fatal e as chances de cura aumentam quando diagnosticado precocemente”, alerta o oncologista Dirceu Costa.
Para esclarecer dúvidas e ajudar a desmistificar ao assunto, Dirceu Costa cita seis pontos principais sobre a doença. Confira:
1º – Câncer de próstata é uma doença que afeta apenas idosos?
A doença é mais comum em homens com mais de 50 anos. No entanto, homens de todas as idades devem ficar atentos aos fatores de risco e manter consultas regulares com urologista ou oncologista para realizar exames que permitam a detecção precoce da doença. Quando há histórico na família (pai, irmãos, tios) os riscos aumentam. Aproximadamente 75% dos casos de câncer de próstata diagnosticados ocorrem com homens com 65 anos ou mais.
2º – Alteração na próstata significa câncer?
Nem sempre. O aumento da próstata acontece com a maioria dos homens à medida em que envelhecem e essa condição não aumenta o risco de câncer de próstata.
3º – Só o exame de sangue (PSA) diagnostica câncer de próstata?
Não. O Antígeno Prostático Específico (ou PSA) é uma enzima com algumas características de marcador tumoral, sendo utilizado para diagnóstico, monitoramento e controle da evolução do câncer de próstata. O exame de sangue é o primeiro passo no processo de diagnóstico. Ele é útil para a detecção da doença em estágios iniciais, quando é possível ser tratada. Se o resultado do PSA indicar alterações presentes na próstata, pode ser uma infecção, inflamação (prostatite) ou, possivelmente, câncer. É por isso que é fundamental a consulta ao médico especialista, que vai complementar o rastreio com outros tipos de exames, incluindo o toque retal e os exames de imagem (ultrassom ou ressonância).
4º – O tratamento do câncer de próstata causa impotência?
Esse é um dos principais medos dos homens ao iniciar o tratamento do câncer. O oncologista Dirceu Costa esclarece que, na maioria das vezes, a disfunção erétil pode ocorrer durante o tratamento para tumores de próstata ou de bexiga. E isso depende da condição física prévia do paciente, assim como o tipo e o nível do tumor. Alguns homens poderão apresentar impotência moderada a severa, mas a maioria tem apenas uma pequena perda da função sexual, que muitas vezes volta ao normal após o tratamento. E em relação ao tratamento, Dirceu explica que o mais comum é que o homem realize cirurgia, radioterapia e terapia hormonal.
5º – Quais são os fatores de risco?
Obesidade, sedentarismo, tabagismo e o consumo excessivo de álcool são considerados fatores de risco e que aumentam o risco da doença. Por isso, é importante manter hábitos saudáveis, como a prática regular de exercícios físicos, evitar comer alimentos muito gordurosos e manter uma alimentação saudável.
6º – Quais são os sintomas?
Os principais sintomas são dificuldade para urinar, diminuição do jato de urina, dor ou ardor ao urinar, presença de sangue na urina ou no sêmen e dor ao ejacular.