O acidente vascular cerebral (AVC) é a segunda causa de morte no mundo e a primeira causa de incapacidade. No Brasil, de acordo com dados do serviço de tecnologia da informação do Ministério da Saúde (DataSUS), foram registrados mais de 100 mil óbitos ocasionados por AVC no ano de 2019.
O reconhecimento dos sinais de alerta em conjunto com o rápido tratamento de urgência são fatores determinantes para salvar vidas e reduzir os riscos de sequelas. Foi o que aconteceu há cerca de dois meses quando o assessor parlamentar, Antônio Pinheiro, de 36 anos, chegou à emergência do Hospital Santa Rosa com paralisia do lado esquerdo do corpo e fortes dores de cabeça. Antônio teve um AVC isquêmico e a agilidade no socorro e no atendimento garantiram que ele pudesse retornar à sua casa, sem sequelas.
“Era uma segunda-feira, dia 02 de agosto, depois de um final de semana com a família no Manso, precisei retornar para nossa chácara para buscar um remédio que minha esposa tinha esquecido lá. Estava com uma amiga e quando entramos na estrada de terra, comecei a sentir dores fortes na cabeça e em questão de minutos meu lado esquerdo paralisou. Na hora, pedi a ela que avisasse minha família e fosse dirigindo pra mim. Quando chegamos na chácara, minha esposa já tinha conseguido contato com meu médico e ele orientou que corressem comigo pro Santa Rosa, pois os sintomas eram típicos de um AVC. Foi o que me salvou. Se eu estivesse sozinho no carro, teria morrido”, relembra Antônio.
Com menos de uma hora de sintomas, Antônio deu entrada no hospital e deram início ao protocolo AVC na unidade de emergência. “Começaram o atendimento na calçada, antes mesmo de eu sair do carro”, ressalta o assessor parlamentar.
De acordo com a médica neurologista, especialista em distúrbios do movimento e atual coordenadora do serviço de neurologia do Hospital Santa Rosa, Ariely Teotonio Borges, a rapidez no reconhecimento dos sintomas e o socorro em tempo curto foram determinantes para salvar a vida do Antônio. “Tempo é fundamental nos casos de AVC. Graças ao protocolo de atendimento a pacientes com AVC, nossa equipe multiprofissional agiu de forma coordenada e em menos de 1h30 todos os procedimentos necessários foram realizados no paciente, salvando sua vida evitando sequelas”, explica a médica.
Nessa 1h30, Antônio Pinheiro passou por uma avaliação clínica, foi submetido aos exames laboratoriais e de imagem —tomografia de crânio, angiotomografia das artérias do pescoço e do cérebro — e encaminhado para um procedimento de alta complexidade, denominado tromboectomia, para liberar o trombo que estava causando o ACV isquêmico no cérebro dele.
“A trombectomia mecânica é a introdução de um cateter que vai até o ponto de oclusão responsável pelo AVC. No caso do Antônio, foi feito via artéria femoral e na ponta desse cateter há um dispositivo chamado “stent retriever” (ou seja, um stent que é retirado), capaz de aderir ao trombo e resgatá-lo, desobstruindo o vaso acometido. Já no centro cirúrgico, após o procedimento, começamos a ver a melhora do paciente”, explica o médico neurocirurgião e neurorradiologista intervencionista, Wilson Novais, responsável pela cirurgia.
O que é o Protocolo AVC
O Hospital Santa Rosa foi a primeira unidade privada de Cuiabá a instituir um protocolo de atendimento emergencial e especializado ao paciente com suspeita de AVC.
“O protocolo AVC é uma sistematização de atendimento ao paciente na fase aguda, que consiste em uma linha de tratamento, dentro de condutas pré-estabelecidas. No Santa Rosa, a equipe médica é composta por neurologistas, neurorradiologistas e hemodinamicistas, especializados e treinados constantemente. Funcionamos 24 horas e, além do corpo médico, temos equipamentos modernos e infraestrutura adequada, desde a Emergência até áreas como a Radiologia, UTI e Hemodinâmica para prestar assistência total, rápida e segura aos pacientes”, resume a coordenadora da neurologia, Ariely Teotonio Borges.
Sinais de Alerta
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) ocorre quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea. São dois subtipos do AVC, o isquêmico e o hemorrágico.
De acordo com Ariely, é uma doença que acomete mais pacientes idosos, mas há também casos em jovens. “Como foi o caso do paciente Antônio Pinheiro. O AVC dele ocorreu devido a um doença cardiológica chamada Forame Oval Patente (FOP – sigla em português). O forame oval é um pequeno orifício localizado no meio da parede de músculo que divide os dois átrios (cavidades) no nosso coração. Em condições normais, este orifício costuma se fechar ao nascimento ou nos primeiros meses de vida. Entretanto, pode acontecer de não fechar, deixando uma pequena comunicação entre os átrios cardíacos. E passagem de sangue de um lado para o outro leva a formação de trombos, que vão parar na circulação cerebral.
Antônio explica que só soube que tinha FOP após o AVC. “A equipe da neurologia fez uma investigação e descobriu a doença, pois meu histórico de saúde nunca indicou. Inclusive, faço exames regulares, de seis em seis meses, não tenho problemas de hipertensão, pratico atividade física e jamais imaginei que poderia sofrer um AVC”, conta. Após um mês de recuperação, Antônio realizou uma cirurgia para correção do problema no coração.
Ariely lembra ainda que existem diversos fatores que aumentam a probabilidade de ocorrência de um AVC, seja ele hemorrágico ou isquêmico. Os principais são: hipertensão, diabetes tipo 2, colesterol alto, obesidade, tabagismo, sedentarismo, uso excessivo de álcool e histórico familiar.
A mudança de hábitos de vida e aprender a reconhecer os sinais de alerta do AVC ajudam a evitar o óbito e as sequelas da doença. Saiba identificar os principais sintomas:
• Fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo;
• Confusão mental;
• Alteração da fala ou compreensão;
• Alteração na visão;
• Alteração do equilíbrio, coordenação, tontura;
• Dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente.
Diante desses sinais, é necessário procurar um atendimento rápido, de urgência em um serviço hospitalar.