fbpx
  • 20 de setembro de 2024 02:09 02:50
BR 163, rodovia da morte até quando? 1Acidentes ocorridos na BR 163 - Foto : Reprodução

Não dá mais para acompanhar calado a situação crítica da BR 163, que é uma
das principais rodovias de Mato Grosso, mas que infelizmente se tornou a
Rodovia da Morte. Acompanhei perplexo, nesta semana, um grave acidente
entre uma carreta e um ônibus que vitimou oito pessoas no trecho próximo a
Sorriso.

BR 163, rodovia da morte até quando? 2

Mais do que números estatísticos, são pessoas que tiveram vidas e sonhos
abreviados. Então, independente do comportamento dos condutores, precisamos
destacar a condição precária da rodovia que já não é mais um “mal
anunciado”, mas, sobretudo, um “mal reiterado”. Então, pergunto, até
quando?

Segundo uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Transporte
(CNT), foram registrados 612 acidentes na BR 163 ao longo do ano de 2021,
mais de um acidente por dia, com um total de 75 vidas perdidas. Portanto,
não se tratam de casos isolados, mas de repetidas tragédias constantes que
exigem respostas rápidas e efetivas.

BR 163, rodovia da morte até quando? 3
Veículo totalmente destruído na colisão – Foto : Reprodução

A origem desse problema é conhecida: a corrupção. É de conhecimento que a
empresa que detém a concessão foi alvo da operação Lava Jato e viu
frustrada sua principal fonte de recursos de longo prazo, o BNDES. No
entanto, seria leviano atribuir as consequências atuais às investigações
que geraram a prisão de poderosos em uma proporção nunca antes vista na
história desse país.

Por sua vez, as dezenas de mortes devem sim ser colocadas na conta daqueles
que administram os negócios, agiam de má-fé, ou ainda, que podendo
interromper a ação delituosa da empresa não o fizeram. Pessoas que se
beneficiaram de esquemas e trocas de “favores pecuniários” e que sem dúvida
estão com as mãos sujas de sangue.

BR 163, rodovia da morte até quando? 4
Corpo de vítima após acidente na BR 163 – Foto : Reprodução

Apesar de a norma penal permitir o estabelecimento de um acordo de
reparação para as empresas, a “leniência moral” nunca será dada a eles por
nós, cidadãos de bem.  Chegamos a um impasse, já que o procedimento padrão
adotado não tem se mostrado adequado.

Recentemente, a empresa concessionária fez o pedido de devolução formal do
trecho e há quem admita uma nova licitação dentro de dois anos, mas este é
um tempo demasiadamente longo para aqueles que trafegam diariamente pela
rodovia e que temem vir a compor essa nefasta estatística.

Não podemos mais ficar quietos diante da burocracia do Estado, o que tem
resultado em tantos acidentes e mortes. A questão seguinte é, o que podemos
fazer?

Para a imperiosa necessidade de duplicação da BR-163, cada dia é contado em
vidas, e cada processo administrativo vai ser fundamental para reduzirmos o
tempo necessário para que outra empresa assuma o trecho e implemente as
melhorias importantes para a segurança das pessoas que precisam transitar
na rodovia.

Considerando que tecnicamente estamos diante de uma situação anômala, a
resposta precisa estar na soma dos melhores esforços dos órgãos
competentes, entre eles, a Corte de Contas, o Ministério Público, os
poderes Judiciário, Legislativo e Executivo.

Se cada indivíduo que interage direta ou indiretamente com esse processo
tiver a consciência de que suas atitudes estão intimamente conectadas ao
resultado e ao número de vidas perdidas tragicamente, poderemos vislumbrar
uma luz no fim desse túnel.

BR 163, rodovia da morte até quando? 5
Vítimas fatais na BR 163 – Foto : Reprodução

Como cidadão, venho a público fazer um apelo para que se possa construir
uma ação rápida, por meio de um elo entre todos os entes da cadeia
decisória. Só assim poderemos oferecer a resposta esperada pela sociedade.

Não é uma questão simples, o que vai exigir protagonismo daqueles que estão
conduzindo o processo. Temos que sair da condição de paralisia, de
passividade, e caminhar rapidamente para a ação!

BR 163, rodovia da morte até quando? 6
Fernando Cadore – Foto : Assessoria

*Fernando Cadore,** produtor rural e presidente da Aprosoja Mato Grosso*