Para Vítor Oliveira, cientista político e diretor da consultoria Pulso Público, embora o cenário político nacional esteja polarizado, o primeiro turno da eleição municipal de 2024 foi marcada pelo protagonismo na disputa entre partidos de centro e de direita, em vez de uma polarização estrita entre PT (esquerda) e PL (direita).
“Quando a gente olha o primeiro turno das eleições, temos que olhar para além das capitais e das maiores cidades. Se a gente faz isso, eu posso argumentar que a polarização não foi importante. A polarização nacional entre PT e PL, nos municípios, muitas vezes escapa dessa disputa. Inclusive PT e PL, nos municípios menores, não necessariamente reproduzem a mesma lógica ou as mesmas diferenças em termos de política pública e posicionamento que no campo nacional”, afirma.
“Já quando a gente olha as capitais, tivemos muito mais disputas entre uma certa reorganização do centro e da direita do que efetivamente uma polarização entre esquerda e direita, entre PT e PL, entre lulismo e bolsonarismo. Então, eu diria que, de maneira geral, as disputas no primeiro turno tiveram uma frequência muito grande de disputas entre partidos de centro e partidos de direita”, completa.
Panorama por partido
O PSD e o MDB foram os partidos que mais elegeram prefeitos, com cada um conquistando mais de 800 prefeituras. Juntos, eles controlam um terço dos municípios brasileiros. Em termos de crescimento, além do partido comandado por Gilberto Kassab, o Republicanos e o PL também se destacaram como os partidos que mais ampliaram suas presenças nas cadeiras do Executivo local.
O Republicanos elegeu 430 prefeitos no primeiro turno (em levantamento feito até 23h deste domingo), o que representa o dobro de municípios conquistados em comparação com a eleição anterior. O partido também garantiu a reeleição do prefeito de Vitória (ES), Lorenzo Pazolini, que obteve 56% dos votos, superando seu principal oponente, João Coser (PT), que ficou com apenas 15%.
“A grande marca desse primeiro turno é a reorganização de um grupo de sete partidos, mais ou menos, que desde a reforma eleitoral de 2017 vêm, de certa maneira, fechando e diminuindo o espaço para concorrência e competição partidária, em função do controle dos recursos públicos, que são a maior parte dos recursos que financiam as eleições no Brasil”, afirma.
O PT, por sua vez, embora não tenha eleito no primeiro turno nenhum prefeito nas capitais, aumentou o número de prefeituras de 182 para mais de 240. Nas cidades com mais de 200 mil eleitores, o partido elegeu apenas dois prefeitos: Contagem e Juiz de Fora, em Minas Gerais. Além disso, a legenda disputará o segundo turno em 50 cidades.