O caso de Diego Souza, acusado de matar a filha Ayla, de 3 anos, e atirar contra a ex-mulher Cristina, na cidade de Londrina, no norte do Paraná, teve novos desdobramentos. O Cidade Alerta obteve acesso ao depoimento do homem.
No dia do crime, na última segunda (23), Cristina iria se casar e foi buscar a filha que havia passado o dia com o Diego. Em depoimento, ela contou que Ayla o amava, que ambos eram muito próximos e que a filha sempre ficava muito animada ao ver o pai.
Cristina relembrou o momento do crime, quando o ex-companheiro desceu do carro armado e fez ameaças: “Eu te disse que não era para fazer isso”. No mesmo instante, ele efetuou um disparo para o carro.
A criança teria gritado pela mãe como um pedido de socorro e Diego efetuou mais dois disparos contra a menina. Na sequência, ameaçou: “Ela já está morta. Agora vou matar você”. O homem então pressionou a cabeça da ex-esposa contra o assento do carro onde ela estava e efetuou dois disparos. Após ser baleada na cabeça, Cristina se fingiu de morta para enganar Diego. Logo após o ocorrido, o homem pegou o carro e saiu dirigindo em direção a um bar, mesmo com a filha morta dentro do veículo.
Encontrado pela polícia horas depois em um bar, Diego justificou com ironia: “Foi necessário!”. Em depoimento, ele afirmou que seu plano era tirar a própria vida, pois a ideia de ver a filha longe e sendo criada por outro homem era insuportável. Já o delegado, afirma que esta versão de Diego é mentirosa e que ele se dirigiu ao local com a intenção de cometer o crime como forma de vingança contra a ex-mulher.
Cristina pretendia se mudar com Ayla e seu novo marido para a cidade de Goiânia (GO) após o casamento. Ela relata que um mês e meio antes do ocorrido, o ex-marido teria tentado agarrá-la enquanto faziam um acompanhamento de Ayla no hospital. Naquele dia, Cristina alega que Diego teria a dito que não aceitaria ficar longe da filha.
O acusado afirma estar fora de si no momento do crime, e alega que não se lembra de nada. O advogado de Diego diz que irá levar a tese de surto adiante, mesmo o acusado não tomando remédios psicotrópicos nem tendo qualquer diagnóstico de transtornos mentais. Ele esclarece, em entrevista, que já foram solicitadas avaliações e exames psicotécnicos do acusado para o instituto criminalístico responsável.
Cristina e Diego foram casados por sete anos. Segundo a mulher, que se separou de Diego após descobrir que ele era usuário de drogas, o processo de divórcio foi conturbado. Em depoimento, ela afirma que no passado, o ex constantemente a ameaçava e que ele até mesmo se recusou a pagar a pensão de Ayla por um tempo e chegou a ficar detido por vinte e quatro horas em uma delegacia.
Naquele período, mesmo recebendo constantes ameaças por parte do ex, Cristina nunca registrou queixas: “Eu levava a Ayla até ele para ela ter um vínculo (…) para ela não ter medo, para gostar de estar com ele”.
A mulher afirma ter sido alertada antes do ocorrido pela própria mãe, que a alertou sobre ter algo errado, pois ele estava aparentemente tranquilo. Em seu depoimento, Diego se defende e acusa Cristina de dificultar o acesso dele à Ayla, e ainda afirma que a relação com ela não era uma relação feliz.
Após assassinar a própria filha, Diego alega apenas se recordar de pedir à amiga de Cristina que se retirasse do local, já que a situação “não era com ela”. Segundo ele, a morte da filha passou em sua cabeça apenas “na hora”.
O caso segue em investigação, mas Diego pode responder por vários crimes como resistência a prisão, porte de arma e tentativa de feminicídio consumado.