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Puxada pela elevação de 8,33% do preço da gasolina, a inflação oficial perdeu ritmo ao subir 0,71% em março, ante variação de 0,84% apurada no mês anterior, mostram dados revelados nesta terça-feira (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Com a desaceleração, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) acumula alta de 4,65% nos últimos 12 meses, a menor variação para o período anual desde o início de 2021.
O percentual, que mantém a trajetória de queda da taxa iniciada em maio do ano passado, corresponde à devolução do índice oficial para o intervalo da meta pré-estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), fixada em 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto (de 1,75% para 4,75%).
Apesar do movimento, o BC (Banco Central) avalia que a chance de o IPCA fechar 2023 dentro da meta ainda é remota, de apenas 17%. Já os analistas do mercado financeiro preveem alta de 5,98% no acumulado dos 12 meses encerrados em dezembro.
No mês, o grupo transportes foi o destaque do IPCA, com variação de 2,11%. Além da gasolina (+8,33%), o preço do etanol apresentou alta de 3,2%. Os aumentos são justificados pelo fim da isenção do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre os combustíveis. As projeções indicam uma alta de até R$ 0,68 no valor cobrado pelo litro da gasolina nos postos.
Gás veicular (-2,61%) e óleo diesel (-3,71%) continuaram em queda em março. Já as passagens aéreas, que haviam recuado 9,38% em fevereiro, caíram 5,32% desta vez. Reajustes em tarifas de táxi em Belo Horizonte, em ônibus intermunicipal na região metropolitana do Rio de Janeiro, além de ônibus urbano em quatro áreas de abrangência do índice, também influenciaram na alta do grupo.
Entre os itens que compõem o grupo de alimentos e bebidas, houve deflação dos itens consumidos no domicílio, que passaram de 0,04% em fevereiro para -0,14% em março. A queda impediu um salto maior do IPCA em março.
A batata-inglesa (-12,8%) e o óleo de soja (-4,01%) tiveram recuos mais intensos na comparação com fevereiro. A cebola (-7,23%), o tomate (-4,02%) e as carnes (-1,06%) aparecem também como os principais responsáveis pela variação negativa.
Por outro lado, cenoura (28,58%) e ovo de galinha (7,64%) foram os destaques entre as altas na comparação com os preços apurados no mês de fevereiro, segundo o IBGE.
Já a alimentação fora do domicílio ficou 0,5% mais cara, alta próxima à registrada no mês anterior, de 0,57%. Enquanto a refeição subiu 0,38% e teve variação idêntica à de janeiro, o lanche desacelerou a alta de 1,04% para 0,57%.
No grupo habitação (+0,57%), a maior contribuição para a alta partiu da energia elétrica residencial (+2,23%). As variações das áreas ficaram entre -0,65% em Belém, onde houve redução de PIS/Cofins e aumento da alíquota de ICMS, até 9,79% em Porto Alegre, onde as tarifas de uso dos sistemas de transmissão e distribuição foram reincluídas na base de cálculo do ICMS.
O mesmo ocorreu em outras áreas, como Belo Horizonte (4,43%), Curitiba (3,88%) e Vitória (2,86%). No Rio de Janeiro (2,57%) foram aplicados reajustes de 7,49% e de 6% nas duas concessionárias pesquisadas, ambos a partir de 15 de março.
Único dos nove grupos pesquisados a mostrar variação negativa em março, o de artigos de residência (-0,27%) teve queda nos itens de tv, som e informática (-1,77%), os principais responsáveis pelo resultado. Televisor (-2,15%) e computador pessoal (-1,08%) foram as quedas mais acentuadas.
Os eletrodomésticos e equipamentos (-0,23%) também caíram, após alta de 0,45% em fevereiro. “As promoções realizadas durante a semana do consumidor, ocorrida em março, podem ter influenciado”, explica o analista responsável pela pesquisa, André Almeida.