O presidente da Argentina, Javier Milei, criticou nesta quinta-feira (21) os panelaços realizados no país contra medidas impopulares, como o decreto editado nesta quarta (20) à noite, que modifica ou revoga mais de 300 normas, entre elas as leis de aluguel e de abastecimento e o regime trabalhista.
Em entrevista à rádio argentina Rivadavia, o ultraliberal cogitou até a possibilidade de parte dos habitantes do país ter a síndrome de Estocolmo — uma condição psicológica em que a vítima sofre intimidação e violência e, mesmo assim, estreita laços de lealdade com o sequestrador.
“Pode ser que haja pessoas que sofrem da síndrome de Estocolmo, [porque] estão abraçadas e apaixonadas pelo modelo que as empobrece, mas não são a maior parte dos argentinos. A República está em risco com o populismo, não com a liberdade”, afirmou.
Quanto ao direito de greve, Milei disse que, nesse caso, trata-se de serviços essenciais, como a educação, e que o país não pode perder dias de aula porque “o capital humano é o futuro e algo irreparável em longo prazo”.
“É um bem essencial, não pode haver greve. Tanto na educação quanto na saúde, eles devem garantir 75% dos serviços para cumprir as horas, senão estamos hipotecando o futuro”, explicou.
Milei disse ainda que a nova gestão já observou que “entre leis e outras normas que dificultam o funcionamento de uma sociedade livre, há cerca de 380 mil regulações”. Logo depois, disse que o governo trabalha para “desmontar essa máquina de destruir em que se converteu o Estado argentino”.
Nesta quarta-feira, o presidente fez um pronunciamento, transmitido por rádio e televisão, em que detalhou as mudanças que fez por decreto na economia. Nesta quinta, na entrevista à rádio, o chefe do Executivo argentino disse se tratar de “uma pré-dolarização”, que provoca “um choque de liberdade”. Logo na sequência, garantiu: “Vem mais por aí”.
Ainda na entrevista ao veículo, ele desconsiderou as críticas populares que afirmam que não havia emergência para usar o Decreto de Necessidade e Urgência: “Não havia emergência? Por favor, olhem os números. A inflação vinha em 3.678%, isso é hiperinflação. Se não fizéssemos uma correção monetária para que o BCRA [Banco Central da República da Argentina] parasse de imprimir dinheiro, a Argentina estaria lançando as bases para uma hiperinflação”, afirmou.
Ainda na entrevista ao veículo, ele desconsiderou as críticas populares que afirmam que não havia emergência para usar o Decreto de Necessidade e Urgência: “Não havia emergência? Por favor, olhem os números. A inflação vinha em 3.678%, isso é hiperinflação. Se não fizéssemos uma correção monetária para que o BCRA [Banco Central da República da Argentina] parasse de imprimir dinheiro, a Argentina estaria lançando as bases para uma hiperinflação”, afirmou.
O governante também esclareceu que teve que adotar “um conjunto de medidas impopulares para a recomposição do caixa”, mas ressaltou que “historicamente, todos os ajustes recaíram na população em geral, e esta é a primeira vez que 60% recaem no Estado”.
Em uma mensagem à classe média, Milei prometeu que ela se beneficiará “com a redução da inflação e a melhoria da economia e terá um melhor trabalho e qualidade de vida”.
“O que estamos fazendo é melhorar a macroeconomia. É um pacote de estabilização em que muitas coisas não me agradam, mas é para resolver a inflação. Aqui há uma emergência. Acho engraçado os kirchneristas dizerem que não havia emergência”, concluiu.