“Se você tiver uma frequência cardíaca de 70 batimentos por minuto, então 70 vezes vai ter que bater aquele coraçãozinho por minuto. Ao longo do dia, dos anos, a durabilidade é muito comprometida. Então, a ideia do BiVACOR é trazer algo que vai rotacionar sem atrito”, explica o cardiologista.
Com o fluxo de sangue gerado, ele substitui os dois ventrículos, diferente das outras opções de assistentes ventriculares que existem e cobrem apenas um dos lados do coração.
“Ele vai tanto imitar a saída do ventrículo esquerdo para a (artéria) aorta, que é o sangue que vai pro corpo todo, quanto do ventrículo direito para a (artéria) pulmonar, que vai pro pulmão”, afirma Gomes.
Em comunicado, o Instituto do Coração do Texas afirma que o dispositivo é feito para homens e mulheres com insuficiência cardíaca biventricular grave ou em casos de insuficiência cardíaca univentricular em que o suporte do dispositivo de assistência ventricular esquerda não é recomendado. “Geralmente, é um paciente grave, que tem uma insuficiência cardíaca, que está num choque cardiogênico”, explica Gomes.
Segundo o cardiologista, existem três tipos diferentes de indicação de uso dos dispositivos de assistência ventricular. A primeira é como ponte de transplante, objetivo do TAH, em que a implantação de um aparelho é feita para que o paciente consiga esperar uma doação de órgão.
A segunda é chamada de ponte para decisão. “Eu não sei se esse paciente vai precisar ou não de um transplante, mas ele está muito grave e eu preciso que ele fique vivo, que os órgãos recebam sangue adequadamente”, explica o cardiologista. Em alguns casos, a doença do paciente é tratada, o coração se recupera e ele fica livre do transplante.
Já a terceira indicação é de uso como ponte para alta. Isso significa que a pessoa precisa do transplante, mas provavelmente não conseguirá por ter um tipo sanguíneo ou outras incompatibilidades muito relevantes. “Então ele vai de alta com o dispositivo”, diz Gomes. Já existem algumas opções disponíveis mas o problema é a durabilidade dos aparelhos – o que parece ser resolvido pela nova tecnologia do Coração Artificial Total da BiVACOR.
De acordo com o médico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, isso seria fantástico. “Num mundo de escassez de órgãos, você teria a possibilidade de devolver esses pacientes para casa sem precisar do transplante”, opina.
Segundo Gomes, os órgãos para transplantes são mais escassos em outros países, como os Estados Unidos, do que no Brasil. Ainda assim, existem 407 pessoas aguardando um transplante de coração no País, de acordo com a lista atualizada do Ministério da Saúde.