A Polícia Civil de Sorriso (420 km ao norte de Cuiabá) esclareceu a morte da garota Sara Vitória Fogaça Paim, que desapareceu há dez anos depois de sair para brincar com outras crianças próximas ao estádio da cidade. O suspeito pela morte da garota foi preso nesta terça-feira (08.09), após representação da Polícia Civil pela prisão temporária, que foi deferida pela Comarca da Justiça local.
Toda a cidade se mobilizou nas buscas pela garota, que não retornou para casa na tarde do dia 1º de junho de 2010. Buscas foram realizadas em terrenos, rios e matas e nenhuma pista foi encontrada da pequena Sara. A Polícia Civil realizou diversas diligências desde a época do desaparecimento, pessoas foram ouvidas, checagem de informações recebidas para se chegar ao paradeiro da criança, contudo, nenhuma delas se confirmou naquele período. A investigação checou, inclusive, informações de que a garota poderia estar no estado do Rio de Janeiro, mas nada foi constatado.
Porém, a equipe de investigação da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, formada pelos investigadores José Carlos, Márcio Coutinho e Willian Krismann e o escivão ‘ad hoc’ Jean Amaral, não deixou de atuar para desvendar o desaparecimento da garota. Depois de receber uma informação e checar a veracidade, os investigadores da divisão localizaram o homem, que hoje tem 58 anos. Após cumprimento do mandado de prisão, em interrogatório na Delegacia de Sorriso o suspeito confessou o estupro, morte e ocultação de cadáver da garota que tinha cinco anos à época do crime.
Apuração de informações
A Polícia Civil recebeu uma informação de que o suspeito pelo crime estaria na cidade. Após checagem de diversas informações, o delegado André Eduardo Ribeiro representou pela prisão temporária, deferida pela 1ª Vara Criminal de Sorriso. “Ele tinha retornado de Mato Grosso do Sul e estava morando novamente em Sorriso. Após ouvir outras pessoas, representamos pela prisão temporária dele. Decretada a prisão, cumprimos o mandado dele ainda nesta terça-feira”.
Uma testemunha fundamental para esclarecer o crime foi ouvida pela Polícia Civil, após a prisão do suspeito. “Era uma testemunha-chave, que precisava do suspeito estar preso, para que não pudesse interferir na investigação”.
Nesta quinta-feira, os policiais ouviram o suspeito em interrogatório. O homem, que na época do crime tinha 48 anos, confessou a morte da criança e deu informações, com detalhes, de como ocorreu o crime e onde teria enterrado o corpo de Sara Vitória.
Crime
Conforme informou durante o interrogatório, o suspeito trabalhava como pedreiro em uma construção, próxima ao estádio municipal de Sorriso onde diversas crianças brincavam diariamente. Na tarde do dia 1º de junho de 2010, por volta das 16h, a garota passava pela rua indo para casa, quando então o suspeito ofereceu carona de bicicleta à vítima e teria chamado a criança para seguir com ele até a construção onde trabalhava. No local, ele praticou o abuso sexual e depois matou a vítima por asfixia. Após estrangular a menina, que chorava, ele colocou o corpo em um saco de estopa e enterrou em um terreno baldio. O terreno, segundo ele, não há nenhuma construção até hoje.
Conforme o delegado André Ribeiro, o suspeito disse que ‘tirou um peso das costas’ ao confessar o crime. “Não há crime perfeito. Demorou dez anos, mas foi desvendado após um brilhante trabalho da nossa equipe de investigadores”.
Depois de cometer o crime, o suspeito saiu da cidade e fugiu para Mato Grosso do Sul, estado onde morou até poucas semanas atrás, quando então retornou a Sorriso. Na época do crime, a esposa do suspeito registrou um boletim de ocorrência pelo desaparecimento do marido.
Buscas pelos restos mortais
Após o interrogatório na delegacia, os policiais levaram o suspeito até o local onde ele teria enterrado o corpo da criança. Nesta quinta-feira (10.09), a Polícia Civil fará escavações e buscas no terreno para tentar localizar os restos mortais de Sara Vitória Paim. O terreno fica em uma rua onde há várias edificações, sendo apenas esse lote o único sem construção.
A polícia solicitou do proprietário da área informações sobre obras de limpeza no local, uma vez que já se passaram dez anos e a terra pode ter sido removida. “Vamos tentar encontrar e entregar à família os restos mortais da criança. Foi um trabalho brilhante de nossos policiais e damos uma resposta à sociedade”, finalizou o delegado André Ribeiro, que encaminhou à Justiça a representação pela conversão da prisão temporária em prisão preventiva.
O suspeito será indiciado pelos crimes de homicídio qualificado (por asfixia), estupro de vulnerável e ocultação de cadáver, com penas que somadas chegam a 48 anos de reclusão. Ele foi encaminhado ao Centro de Ressocialização de Sorriso.