A prévia da inflação, medida pelo IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15), acelerou na passagem de janeiro para fevereiro e marcou 1,23%, 1,12 ponto percentual acima da taxa registrada em janeiro de 2025, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (24).
O IPCA-15 acumula alta de 1,34% no ano e de 4,96% nos últimos 12 meses, acima dos 4,5% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em fevereiro de 2024, o IPCA-15 foi de 0,78%.
Esse índice se diferencia da inflação oficial, calculada pelo IPCA, pelo período de coleta das informações. Em janeiro de 2025, a inflação oficial desacelerou e ficou em 0,16%.
Dos nove grupos pesquisados, sete tiveram resultado positivo em fevereiro. O grupo habitação (4,34%) teve o maior impacto no índice do mês.
Segundo o IBGE, a energia elétrica residencial foi o subitem com o maior impacto positivo no índice, ao avançar 16,33% em fevereiro, após a queda observada em janeiro (-15,46%), em função da incorporação do bônus de Itaipu.
Também em habitação, o resultado da taxa de água e esgoto (0,52%) é decorrente do reajuste de 6,42% nas tarifas em Belo Horizonte (3,6%) e do reajuste de 6,45% nas tarifas de uma das concessionárias em Porto Alegre (1,79%), vigentes desde 1º de janeiro.
Reajustes da mensalidade escolar
No grupo educação (4,78%), a maior contribuição veio dos cursos regulares (5,69%), por conta dos reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo. As maiores variações vieram do ensino fundamental (7,5%), do ensino médio (7,26%) e do ensino superior (4,08%).
No grupo alimentação e bebidas (0,61%), a alimentação no domicílio aumentou 0,63% em fevereiro, abaixo do resultado de janeiro (1,1%). As principais variações positivas foram as de cenoura (17,62%) e do café moído (11,63%) e, no lado das quedas, destacaram-se a batata-inglesa (-8,17%) o arroz (-1,49%) e as frutas (-1,18%).
Lula e o preço dos alimentos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discute com parte de sua equipe medidas para diminuir os preços dos alimentos. A tendência é que os ministros ajustem os últimos pontos antes de anunciar quaisquer medidas sobre o assunto.
A alta dos preços dos alimentos tem acendido o alerta no governo nos últimos dias e passou a figurar no centro dos debates depois de quarta (22), após uma declaração do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Segundo ele, o governo federal buscava um “conjunto de intervenções que sinalizem para um barateamento dos alimentos”.
A fala gerou repercussão e questionamentos sobre o tipo de intervenção a ser tomada. A Casa Civil emitiu então uma nota para negar que o governo promoverá uma “intervenção de forma artificial”.
O órgão informou que “não está em discussão intervenção de forma artificial para reduzir preço dos alimentos. O governo discutirá com os ministérios e produtores de alimentos as medidas que poderão ser implementadas”, destacou, em comunicado, a assessoria da pasta.
Alta nos preços do combustível
No grupo dos transportes (0,44%), os combustíveis aumentaram 1,88%. Houve aumentos nos preços do etanol (3,22%), do óleo diesel (2,42%) e da gasolina (1,71%), enquanto o gás veicular teve resultado negativo de 0,41%.
As passagens aéreas mostraram redução de 20,42%.
Por região
Quanto aos índices regionais, a maior variação foi observada em Recife (1,49%), por conta das altas da energia elétrica residencial (14,78%) e da gasolina (3,74%). Já o menor resultado ocorreu em Goiânia (0,99%), em razão das quedas nas passagens aéreas (-26,67%) e do arroz (-2,67%).
Moradores de Belém, Salvador, Brasília, Rio de Janeiro e Belo Horizonte também sentiram impacto dos preços em fevereiro, já que tiveram reajustes acima da média brasileira.
Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 15 de janeiro de 2025 a 12 de fevereiro de 2025 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 13 de dezembro de 2024 a 14 de janeiro de 2025 (base).
O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários-mínimos.