Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso
Produtores de milho em Mato Grosso cobram do governo federal incentivos que estimulem o consumo do cereal. A desvalorização do grão tem preocupado a cada dia, principalmente pelos preços atuais não cobrirem o custo de produção.
Em seis semanas foram colhidos 19,24% do quase 7 milhões de hectares plantados nesta safra 2022/23, contra 27% na média histórica para o período. Em alguns municípios o ritmo dos trabalhos ainda é tímido, como é o caso de Querência, onde os milharais ocupam cerca de 300 mil hectares.
“A colheita começou faz uns dias nas áreas irrigadas. Estamos agora a passos lentos, porque a chuva se estendeu um pouquinho a mais do que no ano passado”, comenta o presidente do Sindicato Rural de Querência, Gilmar Reinoldo Wentz.
Conforme ele, apesar das intempéries climáticas, as expectativas apontam para médias de produtividade melhores que a safra anterior. Entretanto, a preocupação atual é quanto a rentabilidade, uma vez que o cenário é de incertezas.
“Pelo custo em que foi implantada a lavoura e os preços atuais [da saca] a conta não fecha. Infelizmente é um fardo que a gente vai ter que diluir nos próximos anos”, salienta Gilmar Reinoldo Wentz.
Valor do milho não cobre custos
As preocupações quanto aos preços do milho no mercado disponível se estendem pelas demais regiões produtoras de Mato Grosso, como Gaúcha do Norte.
“Para nós o cenário de grãos é muito complicado. No milho se fala em R$ 27 a saca e o custo desta área é alto. Devido ao alto custo dos insumos, que foi comprado lá atrás, R$ 27 somando a produção, em média de 120 sacas, não vai conseguir cobrir o custo de plantio”, salienta o presidente do Sindicato Rural de Gaúcha do Norte, Josenei Zemolim.
Presença de árvores melhora qualidade da pastagem
Marcelo Lupatini, presidente do Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde, recorda que os preços do milho apresentaram alta desde a pandemia da Covid-19 e que o custo de produção acompanhou.
“Porém, o milho caiu mais de 50% do começo do ano até agora e os custos de produção não na mesma proporção. Alguns baixaram 15,20%. Então, hoje na conta que o Sindicato Rural está fazendo, o produtor se ele vender toda a produção de milho dele, em uma faixa de 120 sacas que ele espera colher, não paga as despesas”.
Medidas são solicitadas para o governo federal
Um pacote de medidas, incluindo a garantia de preço mínimo e outros pleitos inerentes ao milho, foi encaminhado pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). A entidade, que representa cerca de oito mil agricultores no estado, pede apoio dos parlamentares para cobrar medidas do governo federal que fomentem o consumo do cereal, visando agregar mais valor ao produto.
“Aumentar os teores de etanol na gasolina, incentivos a carro movidos a etanol, para que o consumo intensifique. Nós como entidade devemos defender toda e qualquer política que traga segurança financeira, segurança do direito de propriedade e segurança em todos os elos que envolve a produção agrícola e o preço mínimo está em volta disso”, diz Fernando Cadore, presidente da Aprosoja-MT.