Não ter sido contemplado novamente no programa de incentivos fiscais do governo de Mato Grosso (Prodeic) fez com que o Grupo Petrópolis tivesse sua competitividade diminuída e se obrigasse a reduzir o quadro de colaboradores no Estado. Depois do desligamento de 179 pessoas, em diversas cidades e na fábrica de Rondonópolis, em maio, novas demissões deverão acontecer. A revenda de Várzea Grande, que reúne 101 profissionais, deverá ser desativada. Ainda não se sabe quantos trabalhadores, no total, serão demitidos e quantos irão trabalhar na unidade de Cuiabá, que centralizará as atividades.
Desde abril, o Grupo Petrópolis não conta com nenhum incentivo fiscal por parte do governo do Mato Grosso, dificultando sua permanência no estado. A perda de competitividade não ocorre apenas em relação a outros estados, mas também internamente, já que outras indústrias de cerveja contam com carga tributária menor, o que torna o tratamento dado à cervejaria desigual diante de seus concorrentes estaduais.
O Grupo Petrópolis decidiu iniciar operações no Mato Grosso muito por conta do Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic) e pelas políticas públicas que visavam desenvolvimento regional. No entanto, por decisão judicial, a empresa teve seu incentivo anulado há cerca de quatro meses. A medida causou surpresa já que o incentivo ocorria há 10 anos sem nenhum apontamento em contrário, e a companhia vinha cumprido com todas as obrigações.
Após a anulação do incentivo, o Grupo Petrópolis iniciou várias tratativas junto ao governo estadual, cumprindo as condições impostas pela secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), mas até agora não teve o incentivo retomado. Mais recentemente, obteve do governador Mauro Mendes protocolo de contra razões no agravo interno em que o Grupo pleiteava o efeito suspensivo da sentença até o julgamento da apelação.
“O governo de Mato Grosso tem sensibilidade a todos os segmentos econômicos, exceto à Cervejaria Petrópolis, que até o momento emprega mais de 1,3 mil pessoas no Estado. A concorrência desleal está forçando a empresa a deixar Mato Grosso. Nos próximos dias vamos unificar as operações de Várzea Grande a Cuiabá e fechar a revenda da Cidade Industrial. Isso só não irá se concretizar se tivermos o incentivo fiscal de retomado”, afirma o diretor de Controladoria do Grupo, Marcelo de Sá, ao garantir que não haverá desabastecimento.
Segundo o diretor, o descaso do governo do Estado e a falta de respostas da justiça levam a empresa a tomar decisões cada vez mais duras para a empresa e para os cidadãos do Estado. “O grupo corre o risco de fechar revendas, risco de não pagar salário e de inviabilizar a fábrica em Mato Grosso”, afirmou.
A política de incentivos fiscais é uma forma de potencializar o desenvolvimento local, gerar empregos e renda para milhares de famílias, o que vem sendo feito pela Cervejaria Petrópolis em Mato Grosso. Estudo de 2018 realizado pela Federação das Indústrias (Fiemt), endossado pelo governo estadual, aponta que o Prodeic teve impacto direto na economia e, para cada real investido, gerou R$ 1,25 ou mais de retorno para os cofres públicos.
Além da fábrica em Rondonópolis, o Grupo Petrópolis possui no estado outros 14 centros de distribuição próprios. Desde a inauguração, a empresa já investiu mais de R$ 600 milhões no Mato Grosso, tendo folha de pagamento superior a R$ 104 milhões anuais (salários, encargos e benefícios). No ano passado, foram quase R$ 125 milhões em impostos (ICMS, ST, IPI, etc), R$ 36 milhões investidos em instalações, ativos e maquinário, R$ 10 milhões gastos somente com combustível e mais de R$ 72 milhões na contratação de frete terceirizado no Mato Grosso.