O número de trabalhadores afastados por questões de saúde mental no Brasil mais que dobrou em 13 anos, segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho. Em 2012, início da série histórica, foram registrados 213.853 afastamentos, enquanto em 2024 número de licenças médicas concedidas por transtornos psicológicos saltou para 471.649, um aumento de 120,55%.
Ou seja, em média nesse período, quase 40 mil trabalhadores foram afastados por ano.
Segundo o levantamento, 2015 teve o menor índice de afastamentos, com 170.413 registros, enquanto 2024 bateu o recorde da série histórica.
Entre os trabalhadores que se afastaram por tempo indeterminado em decorrência de fatores ligados à atividade profissional no ano passado, os setores com maior número de registros foram: bancos múltiplos (20%), administração pública (11,3%) e atendimento hospitalar (10,2%).
As principais causas passam por ansiedade (41,1%), episódios depressivos (21,1%), reações ao estresse (28,6%), depressão recorrente (7,46%) e transtorno afetivo bipolar (4,33%).
O Ministério do Trabalho e Emprego adiou a aplicação de uma regra que exigiria das empresas brasileiras a avaliação da saúde mental dos trabalhadores. Ela entraria em vigor em 26 de maio.
Francisco Nogueira, o psicólogo e consultor de empresas no setor de RH, espera que o adiamento da norma sirva para que todos os envolvidos entendam como vai funcionar a nova regra e como devem se adaptar a ela.
“Quando a gente fala de transtornos mentais, de sofrimentos psíquicos e de riscos psicossociais, a gente esbarra na dimensão subjetiva”, explica Nogueira.
Esclarecimentos
Para ele, é preciso esclarecer as pessoas sobre essa atualização. “É preciso criar mecanismos e regras para que a gente possa aferir e assegurar que as empresas estão cumprindo com as suas obrigações de diminuir os riscos psicossociais no ambiente de trabalho”, diz.
“A gente espera que seja um adiamento breve e que seja usado para que a gente possa colocar esse cuidado tão necessário em prática na nossa sociedade”, completa.
Na última segunda-feira (14), o ministro Luiz Marinho teve reuniões com federações das indústrias e centrais sindicais para tratar do tema. O encontro teria feito o governo postergar a data em que a norma vai começar a valer.