Em 103 anos de confrontos, nesta noite quentíssima de 10 de Setembro de 2020 na Paulicéia, o Corinthians e o Palmeiras realizaram o seu quarto confronto em apenas cinquenta dias, o quarto absolutamente sem plateia por causa da Covid-19. O prélio aconteceu na Arena enfim-agora-com-nome de Itaquera, faz uma semana batizada de Neo-Química, depois de seis anos de anonimato. E serviu para que o “Verdão”, 2 X 0, tranquilamente levasse aos treze cotejos a sua invencibilidade. Na série, agora com sete triunfos e seis igualdades, houve uma vitória e dois empates diante do “Timão”. E em 22 de julho, 1 X 0, Gil, fôra o Corinthians o último a sobrepujar o Palmeiras.
Inexorável, o cartão vermelho para o lateral-capitão
Inaugurado em 6 de maio de 1917, quando o então Palestra Itália venceu por 3 X 1, o “Derby”, que alcançou o número 367, valeu pela nona rodada de um insólito Campeonato Brasileiro acuado por uma pandemia. O resultado levou o “Verdão” a 128 sucessos contra 128, nos tentos 521 a 485. E ainda melhorou a sua situação na tabela, 16 pontos, sete mais que o Corinthians, ambos com um cotejo atrasado. Também se aproximou do Flamengo, que bateu o Fluminense, 2 X 1, e do São Paulo, que ficou no placar de 1 X 1 diante do Red Bull Bragantino, os dois com 17 pontos. Ocupa a liderança o Internacional de Porto Alegre, que superou o Ceará, 2 X 0, e subiu aos 20 pontos.
A cobrança de Luís Adriano, 1 X 0 em favor do Palmeiras
Ao som artificioso de uma gravação da “Fiel Torcida” o Corinthians dominou as ações por boa parte do começo da porfia. E aos 12’ quase inaugurou o marcador. Fagner cruzou da direita, Luís Adriano devolveu precariamente e o venezuelano Rómulo Otero, da entrada da área, acertou um tirombaço no travessão, atônito o arqueiro Weverton. O mesmo Otero desferiu um petardo espetacular, aos 34’, e Weverton encaixou. Aos 41’, todavia, numa ofensiva do Palmeiras através do seu lado esquerdo, Luís Adriano lançou Wesley, que tentou driblar Cássio. A pelota sobrou para Lucas Lima, que chutou na direção da meta vazia. O capitão Fagner, no reflexo, esticou o braço. A bola sairia sem riscos. No entanto, Fagner a desviou. Toque, penal e, pior, o cartão vermelho e um súbito desfalque fundamental. Luís Adriano converteu, 1 X 0.
A euforia de Luís Adriano, depois do gol
Obviamente, se tornou complicadíssima a tarefa de Tiago Nunes, o treinador do “Timão”, reestruturar o seu time, na etapa derradeira, com menos um homem, exatamente o seu lateral-apoiador. O rival, Vanderlei Luxemburgo, a se locupletar, considerou mais conveniente não expor o “Verdão” a contra-ataques em velocidade. Pois, de fato, enquanto o Corinthians se limitava aos arremates sempre fortes do venezuelano, aos 65’, numa disputa de bola no meio do gramado, Lucas Lima suplantou o seu xará Lucas Piton, passou a William, do lado oposto, e o “Bigode” daí colocou a pelota a Veron, livre, com o arco vazio, 2 X 0. Ao “Timão”, restaria evitar um vexame. Danilo Avelar recebeu o cartão vermelho por duas advertências em meros dez minutos, mas o “Timão”, mesmo aos pandarecos, conseguiu segurar a diferença até o fim.